quarta-feira, 9 de abril de 2014

Deficiência múltipla/ surdocegueira

Definição e informações:

As pessoas consideradas com deficiência múltipla são aquelas afetadas em duas ou mais áreas, caracterizando uma associação entre diferentes deficiências, com possibilidades bastante amplas de combinações. Um exemplo seriam as pessoas que têm deficiência mental e física. Para receber e trabalhar com pessoas com múltipla deficiência, consideramos importante trazer informações sobre esta possibilidade.As instituições que recebem os casos de múltipla deficiência costumam atender casos de surdocegueira, caracterizada como deficiência sensorial, que combinam as deficiências auditiva e visual. A pessoa que tem surdocegueira não pode ser comparada com um surdo nem com um cego, pois a pessoa com cegueira e a pessoa surda utilizam seus sentidos de forma complementar: a pessoa com deficiência visual trabalha mais sua audição e a pessoa surda conta mais com sua visão, No caso da surdocegueira, esta complementação não acontece - é uma outra deficiência. É por esta razão que escrevemos esta deficiência com uma só palavra, "surdocegueira".
Lamentavelmente os profissionais especializados e os familiares de pessoas com múltipla deficiência focalizavam sua atenção no que estas pessoas não podiam fazer, em suas desvantagens e dificuldades. Atualmente temos uma postura diferente: preocupamo-nos em descobrir quais são as possibilidades, quais são as suas necessidades, em vez de destacar suas dificuldades. Assim, temos descoberto formas e métodos para atendê-la.É importante que a família seja orientada a manter um contato com a criança por meio dos sentidos que não foram lesados, para estimular o resíduo auditivo e, principalmente, o resíduo visual, se houver. Por exemplo: a família do bebê surdocego deve passar informações a ele por meio de toques afetivos; ele deve sentir que é amado e perceber a presença do adulto através de brincadeiras.
As causas da surdocegueira podem ser provenientes de acidentes graves; síndrome de Usher (as manifestações clínicas desta síndrome de origem genética incluem a surdez, que se manifesta logo no início da vida e a perda visual que ocorre, geralmente, mais tarde); surdocegueira congênita, resultante de doenças como a rubéola ou de nascimentos prematuros.
É difícil imaginar como uma pessoa surdocega se comunica, mas isso é possível. Os surdocegos possuem diversas formas para se comunicar com as outras pessoas.
A LIBRAS, Língua Brasileira de Sinais, desenvolvida para a educação dos surdos, pode ser adaptada aos surdocegos, utilizando-se o tato. Colocando a mão sobre a boca e o pescoço de um intérprete, a pessoa com surdocegueira pode sentir a vibração de sua voz e entender o que está sendo dito. Esse método de comunicação é chamado de Tadoma.
Também é possível para o surdocego escrever na mão de seu intérprete, utilizando o alfabeto manual dos surdos, soletrando as palavras ou ele pode redigir suas mensagens em sistema braile, que é um alfabeto composto por pontos em relevo criado para a comunicação dos portadores de deficiência visual.
Existe ainda o alfabeto moon, que substitui as letras por desenhos em relevo e o sistema pictográfico, que usa símbolos e figuras para designar os objetos e ações.
Há casos de crianças surdocegas brasileiras que desenvolvem condições de serem educadas com os surdos, comunicando-se em LIBRAS e usando o braile para o conhecimento da leitura e escrita. Mas, para que isso aconteça é necessário que a intervenção seja precoce, ou seja, quando a criança for bem pequena. Cada surdocego adulto tem o direito de decidir qual vai ser sua forma de comunicação, para que participe das atividades em casa, no trabalho e no lazer.
A deficiência múltipla é a ocorrência de duas ou mais deficiências congênitas ou adquiridas simultaneamente sejam deficiências intelectuais, físicas ou ambas combinadas.
Não existem estudos que comprovem quais são as mais recorrentes. As causas podem ser pré-natais, peri-natais, ou pós natais, por má-formação fetal e por infecções virais como rubéola ou doenças sexualmente transmissíveis, que também podem causar deficiência múltipla em indivíduos adultos, se não forem tratadas.
Segundo Sorelove e Sobsey (2000) Mais do que a somatória de deficiências, as pessoas com deficiência múltipla são individuos com comprometimentos acentuados no domínio cognitivo, domínio motor, e domínio sensorial (visão, audição) e que requerem apoio permanente, além de cuidados de saúde. Os canais de visão e audição não são os únicos afetados, mas outros sistemas como tátil,olfativo, gustativos,vestibular e proceptivo também são afetados.Os comprometimentos em uma dessas áreas podem ter um efeito singular no funcionamento, aprendizagem e desenvolvimento da criança (Perreault, 2002). É preciso levar em conta que as deficiências,causam consequências nos diversos aspectos do desenvolvimento da criança e que influenciam diretamente na sua maneira de conhecer o mundo externo e desenvolver habilidades adaptativas.
Para Nielsen o modo como cada deficiência afetará o aprendizado de tarefas simples e o desenvolvimento da comunicação do indivíduo varia de acordo com o grau de comprometimento propiciado pelas deficiências, associado aos estímulos que essa pessoa vai receber ao longo da vida. A autora diz ainda que quanto maior for o número de deficiências maior a necessidade de fazer uso das habilidades que possui e uso de recursos e sendo assim é preciso ficar atento às competências do aluno com deficiência múltipla, usando estimulação sensorial e buscando formas variadas de comunicação, para identificar a maneira mais favorável de interagir com o aluno tanto com surdocegueira como com deficiência múltipla.